Mitos e verdades da cirurgia bariátrica
O Conselho Federal de Medicina acabou de aprovar novas regras para a realização da cirurgia bariátrica, que reduz o tamanho do estômago e a capacidade de absorção do intestino em pessoas obesas. A principal mudança é o detalhamento de doenças que justifiquem a aplicação da cirurgia para pacientes com Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 e 40, citando mais de 20 comorbidades, entre elas infertilidade, incontinência urinária e depressão. A regra continua inalterada para quem tem IMC superior a 40, ou seja, a cirurgia é indicada mesmo sem a presença de comorbidades.
A resolução do CFM, publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 13.01.16, também torna mais rígidos os critérios para a realização em adolescentes. As novas regras são mais específicas, mas a cirurgia bariátrica ainda é cercada de mitos e verdades que confundem os interessados no procedimento. Conheça as dúvidas mais comuns.
A cirurgia não pode ser realizada em menores de 16 anos - Mito
Não é bem assim. Até a nova resolução do CFM, do último dia 13 de janeiro, a resolução anterior simplesmente não mencionava este público. A partir de agora, em pacientes abaixo dos 16 anos, ela passa a ser considerada experimental e só pode ser realizada em projetos de pesquisa médica aprovados por um comitê de ética. Entre 16 e 18 anos as novas regras preveem a exigência de um pediatra na equipe multiprofissional e de exame que comprove a consolidação do crescimento ósseo do paciente, além da avaliação de risco/benefício que já era pedida anteriormente.
Um ano após a cirurgia o paciente volta a engordar - Mito
Na maioria esmagadora dos casos, o paciente só volta a engordar se não assumir hábitos saudáveis de alimentação e exercícios físicos. A dieta deve passar a ser mais nutritiva e menos calórica, e a prática de exercícios físicos deve ser regular.
A mulher pode engravidar após a cirurgia - Verdade
Não há riscos para a mulher engravidar depois de 15 meses de pós-operatório. Até lá, ainda que os anticoncepcionais orais, as famosas pílulas, devam ser evitadas, a recomendação é que seja feita a anticoncepção.
O acompanhamento psicológico é obrigatório - Mito
A entrevista prévia com psicólogo ou psiquiatra é obrigatória para todos os casos, sem exceção, mas o acompanhamento psicológico só é indicado nos casos em que o cirurgião ou o nutricionista julgue necessário.
Qualquer pessoa que está acima do peso e não consegue emagrecer pode fazer a cirurgia - Mito
Até o último dia 13, a cirurgia só era indicada para quem tinha IMC igual ou maior que 40. Com a nova portaria do CFM, este índice caiu para 35 – em alguns casos. A lista de comorbidades relacionadas à indicação do procedimento inlcui diabetes, apneia do sono, hipertensão arterial, dislipidemia, doenças cardiovasculares, cor pulmonale e síndrome de hipoventilação, asma grave não controlada, osteoartroses, hérnias discais, refluxo gastroesofageano com indicação cirúrgica, colecistopatia calculosa, pancreatites agudas de repetição, esteatose hepática, incontinência urinária de esforço na mulher, infertilidade feminina e masculina, disfunção erétil, síndrome dos ovários policísticos, veias varicosas e doença hemorroidária, hipertensão intracraniana idiopática, depressão e estigmatização social.
Há tendência à anemia no pós-operatório - Verdade
Por causa da menstruação e da perda de ferro, as mulheres têm ainda mais tendência à anemia nesse período do que os homens, mas ambos estão suscetíveis, até por conta da pouca presença de carne vermelha na dieta. Por isso, o ideal é que um nutricionista prescreva um guia alimentar baseado em ferro e/ou suplementos vitamínicos, minimizando a situação.
Pode ser preciso perder peso antes de fazer a cirurgia - Verdade
Essa necessidade será indicada através de um exame clínico-laboratorial e de todos os procedimentos pré-operatórios, além de endoscopia digestiva e ecografia abdominal – e geralmente é indicada para pacientes com IMC superior a 50 Kg/m² que. Neste caso, a perda de peso pode ser conseguida através da colocação de um balão intragástrico, um procedimento não cirúrgico, realizado através de endoscopia, que reduz a capacidade gástrica e promove a sensação de saciedade.
Há várias técnicas diferentes de cirurgia - Verdade
Ela pode ser restritiva (reduzindo o tamanho do estômago e, consequentemente, a ingestão de alimentos), disabsortivas (que promovem um desvio no trânsito intestinal também diminuindo a capacidade de ingestão de alimentos), e a mista (uma combinação de ambas as técnicas). Já as técnicas variam entre gastrectomia vertical (Sleeve), que reduz o tamanho do estômago, e a gastroplastia em Y de Roux ou By-Pass, que atua também sobre o intestino. A técnica e o tipo deverá ser definida pelo médico responsável com base no perfil do paciente e nas doenças associadas à obesidade.
A intolerância ao leite é comum após a cirurgia - Mito
Além de não haver qualquer relação, na verdade o leite e seus derivados são até recomendados no pós-operatório como fonte de cálcio.
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