Novas regras ampliam atendimento de cirurgia bariátrica.
Um estudo da revista científica Lancet coloca o Brasil entre os países mais obesos do mundo, atrás apenas a China e dos Estados Unidos em relação à população masculina e em quinto lugar em relação à feminina. Por isso, desde janeiro, o Conselho Federal de Medicina (CRM) adotou novas resoluções para tentar reverter o quadro através da cirurgia bariátrica.
Já são 30 milhões de pessoas, ou seja, um quinto dos brasileiros, com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. A pesquisa, coordenada por cientistas do Imperial College London, comparou o IMC de nada menos que 20 milhões de homens e mulheres durante 40 anos, entre 1975 e 2014, em 186 países.
Estimativas nada animadoras
O estudo da Lancet traz alguns dados bastante interessantes, entre eles o fato de que há mais adultos no mundo classificados como obesos do que abaixo do peso. E faz estimativas arrasadoras: não apenas de que em 2025 um quinto da população mundial será obesa, mas também que as chances de que as metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) sejam atingidas – de frear a obesidade e chegar a 2025 com índices iguais aos de 2010 – são praticamente nulas. A pesquisa mostra que no período estudado a obesidade triplicou entre os homens e duplicou entre as mulheres.
Com as novas regras definidas pelo CRM, um universo maior de pessoas poderão ter acesso à cirurgia bariátrica. Poderão passar pelo procedimento pessoas com IMC igual ou acima de 35 – mas que apresentem alguma ou algumas das 21 comorbidades listadas, doenças associadas ao de peso, como apneia do sono, diabetes tipo2, hérnias discais, disfunção herétil, hipertensão arterial, síndrome dos ovários policísticos, doenças cardiovasculares, depressão e asma grave não controlada, por exemplo. Para quem não apresenta comorbidades o IMC mínimo continua em 40. O IMC, por sua vez, é calculado dividindo o peso do paciente pela altura elevada ao quadrado.
Regras ficam mais rígidas para a cirurgia entre jovens
Por outro lado, as novas regras preveem um maior controle da cirurgia entre os jovens. Agora, além de manter as determinações antigas de rígida avaliação do custo-benefício do procedimento para pessoas entre 16 e 18 anos, há também a exigência de um pediatra na equipe. Além disso, para adolescentes abaixo de 16 anos, ele só será permitido e caráter experimental e dentro dos protocolos definidos pela Comissão de Ética em Pesquisa (sistema CEP/Conep).
Além disso, as cirurgias que forem consideradas experimentais terão também que passar pela aprovação da Comissão de Novos Procedimentos do próprio Conselho Federal de Medicina. Com isso o CRM espera estar protegendo os pacientes de intervenções que ainda não foram cientificamente reconhecidas. Para quem tem mais de 65 anos a bariátrica só deverá ser realizada se respeitadas as condições gerais e se a relação risco-benefício for favorável.
Entendendo melhor a cirurgia
As novas regras do CRM pretendem também fazer com que a cirurgia bariátrica seja melhor compreendida por leigos, aperfeiçoando as vantagens e desvantagens de cada tipo de técnica. É o caso, por exemplo, da banda gástrica, procedimento que consiste na colocação de uma prótese de silicone no estômago, que passa a apresentar o formato de uma ampulheta. Como a perda de peso é insuficiente a longo prazo, ela só deve ser realizada em casos excepcionais.
De acordo com o consenso internacional respeitado pelo Conselho Federal de Medicina, a cirurgia bariátrica passa então a ser indicada para quem tem IMC igual ou maior que 40; para quem tem IMC igual ou maior que 35, mas apresenta comorbidade associada; obesidade grave instalada há mais de cinco anos e falha no tratamento clínico após dois anos.
Se ainda ficou alguma dúvida sobre as novas regras para a cirurgia bariátrica, compartilhe-as conosco aqui nos comentários e nós as responderemos o mais rápido possível!